Falar das várias sedes que a Mancha teve ao longo da sua história, é contar um pouco da mesma. Cada uma delas marca um tempo, um momento e um diferente encarar da claque.
Desde os primórdios da palha-de-aço, da caça ao extintor, as farras monumentais e os cortejos até ao estádio que marcaram a sede dos arcos, esse antro de ferro velho, pejado de pequenas recordações de viagens, jantares ou de um qualquer devaneio isolado em que o álcool tomara conta do homem, até à actual loja/sede convertida à evolução tecnológica, com a sua máquina de cartões, o computador e demais acessórios, convenientemente ligado à Internet, onde podemos consultar a página da Mancha, a loja on-line e demais serviços que esta oferece, ou a sua TV com a SporTV, os canais Lusomundo, que a Mancha foi evoluindo na mesma medida em que ia mudando de uma sede para a outra.
Senão vejamos; da sede dos arcos já vos dei um lamiré, foi a nossa primeira sede e aquela onde me fiz sócio, mas era mais do que isso, era um local de convívio forte, onde a malta se reunia antes dos jogos, em casa ou fora porque, como já vos disse, quando a Briosa jogava em casa de lá partia a claque em cortejo para o estádio. Guardo dela a imagem do poster que publicitava um qualquer filme de meninas, conquista ganha numa incursão a um desses restaurante da beira de estrada (talvez o Pôr-do-sol?). Era na altura, a par do local da Mancha no estádio, um símbolo de força, da melhor claque da Académica. Também por isso a mudança para o pavilhão custou a revolta de muitos dos sócios mais velhos, mas embora na altura tenha sido muito criticado por isso, a verdade é que, para mim, a decisão do Nuno Ponce Leão salvou a Mancha de um fim precoce, o mesmo fim que teve outra claque desse tempo, o Batalhão Negro.
É que naquela altura surgiu a explosão desportiva dos desportos de Pavilhão, primeiro com o Basquetebol e em seguida com o Andebol, desde as famosas subidas (ou tentativas de) do Basket, à luta pelo título nacional no Andebol foram anos de pavilhão cheio, com a Mancha ao rubro, em contraste com o futebol onde não chegávamos a estar cinquenta ultras, muitas vezes. Ainda hoje tenho na porta do meu quarto o cachecol (é mais um pano estampado) da “ Glorious night of the champions” em que perdemos o campeonato para o ABC por causa do vendido do Dolgov (ao pé deste o João “Judas” Tomás é um santo). Essa sede situava-se numa sala exígua, onde hoje esteve a zona de conferências de imprensa da Direcção (nesse tempo era um corredor, só existiam salas e a secretaria era na sede dos Arcos).

Daí mudámo-nos para o 2º piso do pavilhão, sala maior significava também mais responsabilidades para a Direcção. Tinha passado a euforia dos jogos de pavilhão e começámos a concentrar novamente a energia da claque no futebol. E foram anos de muita luta, uns melhores, outros piores mas a Mancha conseguiu estabilizar e recomeçar a crescer no estádio, teríamos, naquele tempo, uns trezentos sócios pagantes. Fizemos a amizade com os Desnorteados, com o pessoal dos No Name (hoje perdura na malta do Grupo Manks), tivemos os primeiros cachecóis tubulares da época e começámos um trabalho de afirmação da claque no seio da Académica, foi num tempo em que nas AG da Briosa éramos mais que os restantes sócios todos juntos. Foi para mim a sede da Afirmação.
Mas esse período da história da Mancha acabou, e com o seu fim aparece uma nova sede, também no 2º piso do pavilhão Eng. Jorge Anjinho mas maior que a anterior, esta sala pertencia aos Cowboys, mas já não era muito utilizada por eles e para nós foi muito importante para sustentar a evolução da claque. Era um local de convívio por excelência, tinha já uma TV e um mini-bar, gentilmente oferecidos pelo grande Quaresma depois de as ter regateado a um cigano que passava. Foi sendo arranjada e evoluiu com a evolução da claque, ainda hoje acho que, o partir daquela parede e o tomar conta da sala exígua à nossa, que fora em tempos também pertença dos Cowboys e que eles, pôr já a pouco utilizarem, nos cederam gentilmente, foi o libertar das amarras que nos seguravam a um crescimento relativamente lento, mas sustentado, para um crescimento exponencial que, a meu ver, não permitiu a correcta transmissão de alguns dos nossos valores a alguma malta. Mas a verdade é que crescemos e nos tornámos no que somos hoje, uma claque já de grande dimensão (para Portugal) mas onde falta um pouco de identidade ao todo, falta a família dirão uns, falta unidade, dirão outros, não falta nada, dizem alguns, para mim falta que a malta se conheça mais, se dê mais, tenha um sitio para beber uns copos antes e depois do jogo, não ande só com o núcleo, não olhe só para si, mas isso sou eu a divagar…
A verdade é que é isto que procuramos nesta nossa sede actual, consolidar o Grupo como um todo, parar um pouco com o aumento exponencial dos sócios e consolidar raízes com quem cá estar, evoluir, mostrando a claque para fora, tendo uma boa organização e talvez depois, se o resto da Académica nos souber acompanhar, evoluir para outro patamar.

Este texto está presente no Livro 20 anos 20 Viagens e retratava a evolução da sede da Mancha Negra, no entanto agora que estamos à beira de comemorar 25 anos de vida urge completar e acrescentar um novo capítulo a este texto, capítulo este que é o sonho de uma vida de 25 anos, ou seja finalmente ter um espaço onde a "familia" se possa encontrar e vivier diáriamente e com a devida qualidade a vida da Mancha Negra e da Briosa. O Pavilhão da AAC-oaf continuará a ser a nossa casa, desloquem-se lá no próximo sábado pelas 16H00 e ficarão a conhecer a nova sede da Mancha Negra, denomidada 1985