terça-feira, novembro 15, 2005

Uma amizade DESNORTEADA





A Mancha Negra pode orgulhar-se desde os tempos da sua formação conseguir levar à prática um dos princípios que nortearam a formação da claque a serem fielmente cumpridos. A Mancha deveria contribuir para receber e ser sempre bem recebido pelas outras claques. Papel que tem sido quase sempre bem cumprido. A claque tem neste momento duas amizades oficiais, Grupo Manks e Desnorteados. Paralelamente as estas duas amizades oficiais a Mancha Negra pode orgulhar-se de ser das claques que mais e melhores relações têm com as restantes claques nacionais.
A Amizade com os Desnorteados, primeira oficial da claque, teve os seus pilares bem assentes nos enormes convívios realizados entre os elementos dos dois grupos, em Coimbra, fundamentalmente na sede dos moradores do bairro de celas, em Espinho na tasca junto ao estádio.
O torneio de futebol de praia realizado em homenagem ao mítico “Tadeu”, infelizmente já falecido, foi um ponto de viagem para a fomentação de uma grande amizade e união entre os elementos os dois grupos. É comum verificar nos jogos quer do Espinho quer da Briosa bandeiras, estandartes e faixas dos dois grupos. Nos dias que hoje correm a apesar de já terem passado várias direcções e várias gerações por ambas as claques a amizade ainda prolifera e está bem viva.
Os jogos AAC- SCE são sempre vividos de uma forma especial, ao ponto de relembrar-mos uma história vivida entre os dois grupos que demonstra bem a amizade criada:

Manha de Domingo antes de mais uma deslocação a Espinho, desta vez na época de 95/96.
O pessoal como sempre, antes de qualquer Deslocação, estava reunido na Topázio, sita no nosso Pavilhão, na Solum.
Tempos difíceis dado que a Briosa arrastava-se na Divisão de Honra e nas deslocações compareciam sempre os mesmos, a hoje denominada Velha Guarda.
Mesmo assim conseguimos fretar um autocarro, dado que tínhamos 30 elementos inscritos, o que na altura era muito positivo, mas havia um motivo aliciante… a almoçarada com o pessoal dos Desnorteados.
Chegámos a Espinho e lá estavam eles à nossa espera com aquela alegria que lhes era peculiar.
Após um café, lá fomos nós para o almoço que tinha como pratos, febras e sardinhas na brasa regadas com muita cerveja. O resultado estava à vista, alegria, companheirismo e claro, como sempre nestas ocasiões, alguns excessos.
O percurso até ao estádio foi rápido, mas já toda a cidade sabia da nossa presença dado que os cânticos entoados percorriam os números das ruas.
Entradas das equipas com coreografia de potes de fumo, rolos de papel e bandeiras gigantes hasteadas a cana-da-índia.
Durante o jogo, foi o que a Mancha sempre nos habituou, desde a sua fundação, era até ao fim, mas a derrota eminente e as provocações dos pescadores que sempre se instalam na bancada atrás da baliza e faziam daquele o ponto de encontro quinzenal dos garrafões com pernas e o facto de também lá ficarem os adeptos visitantes, foram motivos suficientes para que alguns ânimos se começassem a exaltar. Mas perante uma situação já caótica e confusa, com agressões pelo meio, uma vez mais se comprovou a verdadeira amizade que unia as duas claques. Os Desnorteados arrombaram os Portões que separavam as duas bancadas, todas a gente pensava que seria para se juntarem à festa e trocar também uns galhardetes, mas não vieram em nosso auxílio e convidaram-nos para irmos para a bancada deles assistir ao final do jogo amenizando os confrontos.
Numa atitude de solidariedade e desportivismo, acompanharam o nosso grito de ACA-DÉ-MI-CA. Atitude que me marca até hoje, daí ter sido, na minha opinião, uma das melhores viagens que fiz com a Mancha Negra, por tudo o que se passou nesse dia.

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